segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

AS SUB-REGIÕES DO NORDESTE

Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Região Nordeste tem nove estados incluídos na classificação do IBGE, são eles: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e, mais a área do norte de Minas Gerais que está dentro da região geoeconômica nordeste em virtude das características comuns ao sertão nordestino. Ou seja, o clima e vegetação são muito parecidos com os da região Nordeste, as características culturais, sociais e econômicas também.

Há quatro sub-regiões nordestinas: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio Norte.

A Zona da Mata ocupa a área litorânea, entre o Rio Grande do Norte e a Bahia. Em relação aos aspectos naturais, essa área apresenta diversidades internas. Existem áreas onde a mata é espaçada, e outras com mata contínua e densa; na foz de vários rios encontram-se os mangues.

O solo é argiloso, profundo, escuro e pegajoso (massapê), rico em matéria orgânica e formado pela decomposição do gnaisse e do calcário, características que favorecem a cultura canavieira. Em seu último trabalho, João Silva, célebre compositor da música Brasileira, gravou “canavial”, veja um trecho:

Canavial.... Relampeou, já trovejou vai desaguar, o meu açude esse ano vai sangrar, pra vazante virá brejo e minha cana apendoar (Botar pendão, o milho ou a cana).

Entre os vales dos rios, onde o solo (areia) é na altura da canela, aparece uma vegetação com características de Cerrado, os caboclos por lá a chamam de tabuleiro.

Aproveitando o gancho, morfologicamentea a palavra “cerrado” significa “fechado” ou “vegetação densa”. Até o final do século passado, as formações vegetais do Brasil Central eram conhecidas pelo nome genérico de “tabuleiros”. Onde a vegetação rasteira era bem desenvolvida, eram conhecidas por “tabuleiros cerrados”. Na segunda metade do século passado, “tabuleiro” passou a ser denominado “campo”, e as formações vegetais passaram a ser denominadas: “campo limpo”(formação predominantemente herbácea, com raros arbustos e ausência completa de árvores), “campo sujo” (é um tipo fisionômico exclusivamente arbustivo-herbáceo, com arbustos e subarbustos esparsos cujas plantas, muitas vezes, são constituídas por indivíduos menos desenvolvidos das espécies arbóreas do Cerrado sentido restrito) e “campo cerrado” (Vegetação de gramíneas com um pouco mais de arbustos e poucas árvores). Mais recentemente, o termo “cerrado” tem sido utilizado para designar a vegetação característica que ocorre na região central do Brasil.

Voltando à questão do tabuleiro, foi principalmente nas áreas dessa vegetação que a Mata Atlântica sofreu grande degradação. O tabuleiro, possivelmente, inspirou Tororó do Rojão e Gerson Filho (sanfoneiro e esposo de Clemilda) a compor “coco no tabuleiro” gravado pela RCA Canden em 1969. Clemilda Ferreira da Silva - aquela mesmo do “seu Delegado prenda o Tadeu” - nasceu em São José da laje, região da Zona da Mata Alagoana.



Devastada desde o início da colonização, a Mata Atlântica, "assolada" pela extração do pau-brasil e pela produção de cana-de-açúcar, arqueja melancolicamente em áreas de mata ciliar (termo utilizado para fazer referência à formação vegetal que se desenvolve às margens de rios, córregos, lagos, represas e nascentes). Uns "tantinhos assim" de mata podem ainda ser avistados em áreas de preservação e em parques.

No CD da banda Maranhense Tribo de jah, “Refazendo” de 2008, a música Mata atlântica fala da histórica devastação do bioma e, nos incentiva a preservar o bocadinho que ainda resta.



O escritor paraibano José Lins do Rego retrata em cinco romances que chamou de "Ciclo da Cana-de-Açúcar, a zona da mata num período crítico de transição: a decadência dos engenhos triturados pelas gigantescas usinas. No livro "O Rio" uma reunião inédita de poemas de João Cabral de Melo Neto, o escritor recifense fala do rio Capibaribe ao entrar na zona da mata pernambucana:

“Foram terras de engenho, agora são terras de usina. É o que contam os rios, que vou encontrando por aqui. ”

O Rei do Baião interpretou com autoridade a decadência dos velhos engenhos na composição de Capiba “Engenho Massangana” de 1978.



Nessa sub-região nordestina estão localizadas as capitais de seis estados: Natal (Rio Grande do Norte), João Pessoa (Paraíba), Recife (Pernambuco), Maceió (Alagoas), Aracaju (Sergipe) e Salvador (Bahia).

Espremido entre o litoral e o Sertão está o Agreste (foto ao lado). Localizado numa zona de transição climática: entre o clima quente e úmido da Zona da Mata (litorâneo úmido) e o clima quente e seco (tropical semiárido) do Sertão. Na porção leste do Agreste Chove que é uma beleza, Nas áreas mais secas, a vegetação mais parece a caatinga.

Não podemos deixar passar batido! Foi nesse Cenário, na cidade de São Bento do Una, interior pernambucano limite do agreste para o sertão, nasceu o cantor e compositor Alceu Valença.

O grupo Som da terra gravou em 1975 o long play “Agreste”. As canções exaltam as nossas raízes, sobretudo, o povo nordestino, sua cultura e a sua história.

Na música “chuva perdida” de Juvenal Lopes, o grupo Pernambucano retrata a falta de chuva e a seca que, muitas vezes, castiga o oeste do agreste.



Os Planaltos elevados do Agreste, como o planalto da Borborema (foto ao lado), formam verdadeiras barreiras para a penetração de massas de ar oceânica. Quando os “paredões” do planalto formam gargantas (vales) na direção do oceano, as massas de ar penetram por estes vales e chegam a atingir áreas situadas no interior do sertão. Formam-se, então, um contraste da gota serena dentro do sertão: por um lado os brejos (vegetação verde e terras valorizadas) por outro, pés de serra (paisagem seca e acinzentada).

Os brejos de altitude são encontrados em áreas do Planalto da Borborema, Chapada do Araripe, Depressão Sertaneja Meridional, Serra da Ibiapaba e Maciço de Baturité

O cenário triste e desolador do pé de serra é representado no celebre long play “Meu Cariri” da gravadora veleiro, Marinês canta de Rosil Cavalcante, a composição título.


Vale ressaltar que mesmo com maior incidência de chuvas, o brejo apresenta períodos de estiagem; as músicas: deixei o meu cariri de Jota Fonseca e O Último pau de arara nos dão a dimensão disso.

No período colonial o agreste era zona de policultura (cultura de vários produtos) e criação de gado. Hoje, na região destaca-se a produção de milho, arroz, feijão, algodão, laranja e o agave (planta da qual se extrai o sisal, uma fibra vegetal utilizada na fabricação de cordas, bolsas, tapetes etc.).

O Agave (sisal) é uma planta originaria do México e, segundo consta, introduzido no Estado da Bahia em 1903. Hoje, a exploração do sisal concentra-se no interior da Bahia (87%), Paraiba(7,4%) e Rio Grande do Norte(5,2%). “O Som do Sisal” é uma das mais belas pérolas da recente música regional Nordestina. Trata-se de um projeto inovador que faz de oficinas de música e construção de instrumentos musicais com material extraído da planta símbolo da região do semiárido Baiano. O idealizador do projeto, sediado em Conceição do Coité, é o músico Josevaldo Silva.



No Agreste encontram-se verdadeiros centros regionais: Campina Grande, no estado da Paraíba; Caruaru e Garanhuns, no estado de Pernambuco; Feira de Santana, no estado da Bahia.

O Moderno Dicionário Brasileiro, descreve o Sertão como lugar longe para a molesta de povoações ou de terrenos cultivados, léguas da costa e sem um pé de pessoa, entetanto, muita coisa mudou.
O Sertão Constitui a terceira sub-região do Nordeste, no sentido do litoral para o interior. É uma área sujeita a secas periódicas, que vem ocorrendo desde o período colonial.

Em 1963, Luiz Gonzaga gravou a música “Vozes da Seca”, composição feita em parceria com Zé Dantas. Uma forma poética de denunciar a omissão dos governantes no que se refere ao combate à seca. Em 1972 o Quinteto Violado, em seu primeiro disco, regravou a música pela Gravadora Phillips.



O Sertão caracteriza pelo clima seco, com regime de chuvas dividido em duas estações: a chuvosa, entre os meses de verão e de outono, e outra seca, que se estende pelos meses de inverno e primavera. A vegetação de caatinga domina toda a extensão dessa região. É formada por vegetais xerófilos, isto é, vegetais adaptados às regiões secas ou de pouca umidade. Suas raízes são compridas, aprofundando-se bastante para buscar água no interior do solo.

O Umbuzeiro é um Exemplo de planta Xerófila. A Música “Umbuzeiro da saudade” cantada por Luiz Gonzaga, recebe nessa regravação a belíssima interpretação de Maria da Paz (em memória). O seu CD Vida de Viajante lançado em 2003 foi indicado ao Grammy Latino em 2004.



A hidrografia do sertão é formada por rios temporários, chamado também de intermitente, e rios permanentes ou perene. O Rio Acaraú, no Ceará, é um exemplo de rio temporário que chega a secar nos períodos de seca prolongada. O Rio São Francisco, por outro lado, é um rio permanente, pois, não desaparece nos períodos de seca.

Contudo, o velho chico está morrendo! Carlos Drummond de Andrade, em 1977, preocupado com o futuro do rio São Francisco, escreveu o poema “Águas e Mágoas do Rio São Francisco”. A baiana de Santo Amaro, Maria Bethânia, o declamou no espetáculo Bethânia e as Palavras em março de 2011.



Atualmente, nas margens dos maiores rios da região, observa-se o ingresso de capital nacional e internacional na agricultura. As empresas agrícolas desenvolvem especialmente a fruticultura irrigada (uva, melão, melancia, manga, abacaxi), por outro lado, o pequeno agricultor (agricultura familiar) sobrevive da cultura de subsistência (melancia, jerimum, feijão, milho). Para reforçar o dito, canta “Galope a Beira Mar” Antônio Alves e Pedro de Santa Helena.



O Sertão foi retratado na literatura, através da cearense Rachel de Queiroz, do escritor alagoano Graciliano Ramos, como também, do já citado pernambucano João Cabral de Melo Neto.

São importantes cidades-pólo e centros urbanos do Sertão Nordestino: Serra Talhada, Petrolina e Araripina em Pernambuco, Patos, Pombal, Piancó, Monteiro, Sousa e Cajazeiras na Paraíba, Vitória da Conquista e Juazeiro na Bahia, Picos no Piauí; Juazeiro do Norte, Sobral, Icó e Crato no Ceará; Mossoró e Caicó no Rio Grande do Norte, entre outras.

O Meio Norte compreende extensa área entre o Piauí e o Maranhão. Constituindo a transição entre o Nordeste seco, Amazônia e o Cerrado (chapadas, mata de cocais nas várzeas e baixadas). A Região é banhada por rios perenes que nascem nas áreas elevadas das chapadas e correm em direção ao Atlântico.

No Piauí caracteriza-se de caatinga; no Maranhão o clima é mais úmido. No litoral estão os Mangues, com arvores altas e as dunas que formam os lenções maranhenses. Na Região, especialmente na área que apresenta características da Amazônia, destaca-se as mulheres catadeiras de coco de babaçu (foto ao lado).

Aproveitando o dito, escutemos um grupo formado por quebradeiras de coco dos estados do Pará, Maranhão, Tocantins e Piauí. Elas cantam seus modos de vida, seus valores, seu dia a dia e nos trazem mais uma realidade da diversidade do povo brasileiro.



A Plantação de arroz é outro destaque econômico dessa área...

Mas isso é abocamento pra outro dia.

Para Sempre seja Deus Louvado.


01- As informações abaixo apresenta as quatro sub-regiões do Nordeste brasileiro, com algumas de suas características:

I - A policultura comercial praticada em pequenas propriedades é a principal atividade econômica dessa sub-região. As áreas mais úmidas e aproveitadas para a agricultura são reconhecidas como "brejos". Abriga algumas das cidades mais importantes do Nordeste, como Feira de Santana, Caruaru e Campina Grande.

II - Compreende o Maranhão e quase todo o Piauí. Sua principal atividade econômica é o extrativismo vegetal, destacando-se a carnaúba e o babaçu, que empregam grande quantidade de mão-de-obra em sua coleta. Seus produtos são empregados no artesanato local e como matéria-prima para as indústrias.

III - Estreita faixa de terra que se estende do litoral do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Apresenta clima tropical úmido. Possui belas praias e dunas. Tem grande destaque na produção de cana-de-açúcar, fumo e cacau e na exploração mineral de petróleo e sal marinho.

IV - Corresponde a uma vasta sub-região castigada pela aridez de seu clima. Submetida a secas freqüentes, sua vegetação é constituída por árvores e arbustos recobertos de espinhos. Desde o início de sua ocupação, a pecuária é a atividade econômica mais importante.

Marque a opção que nomeia de forma CORRETA as regiões I, II, III, IV respectivamente:

a) Meio-norte, Sertão, Agreste e Zona da Mata.
b) Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-norte.
c) Agreste, Meio-norte, Zona da Mata e Sertão.
d) Agreste, Zona da Mata, Meio-norte e Sertão.
e) Sertão, Agreste, Zona da Mata e Meio-norte.


02- (TJ-SC/2011) A regionalização do espaço brasileiro, oficializado pelo IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divide o país em cinco macrorregiões geoeconômicas: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste os espaços geográficos são muito diversificados. A natureza e a história dividiram o Nordeste em sub-regiões, áreas menores que possuem uma série de características comuns que diferem uma das outras.

De acordo com o mapa, todas as sub-regiões estão identificadas e caracterizadas corretamente, EXCETO:


a) A letra “C” é a maior das sub-regiões do Nordeste, ocupada em sua maior parte pelo Polígono das Secas. Cortada pelo rio São Francisco onde se destacam dois projetos de desenvolvimento para a região. Um, polêmico, o de transposição das águas do São Francisco; outro, de sucesso, a fruticultura irrigada envolvendo os municípios de juazeiro, na Bahia e Petrolina, em Pernambuco.

b) A letra “D” é o Agreste, região de transição entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semi-árido. Corresponde ao topo do planalto da Borborema. As áreas mais úmidas são conhecidas como “brejos”, onde se pratica uma policultura para abastecer as capitais litorâneas.

c) No Agreste da Paraíba se destaca a cidade de Campina Grande que por receber a instalação de diversas empresas do setor, se destaca como pólo tecnológico da região.

d) A letra “B” corresponde à Zona da Mata, primeira região brasileira a ser ocupada e povoada. Recebe esta denominação devido à ocorrência da Floresta Tropical Úmida ou Mata Atlântica que ainda recobre a maior parte da região.

e) A letra “A” corresponde ao Meio Norte, compreendendo os Estados de Maranhão e Piauí. É uma faixa de transição entre a Amazônia e o Sertão. Das palmeiras que predominam nesta sub-região podem ser extraídas substâncias importantes para a economia da região.


3 - Porquê o norte de minas Gerais encontra-se dentro da região geoeconômica nordeste?

O norte de Minas tem características (físicas, humanas e sócioeconômicas semelhantes aos demais estados do Nordeste). Ou seja, o clima e vegetação são muito parecidos com os da região Nordeste, as características culturais, sociais e econômicas também. Assim, convencionou-se que esta parte do estado de Minas Gerais fosse integrada ao complexo do Nordeste, por conta dos parâmetros levados em conta e das características em comum.






sábado, 16 de janeiro de 2016

PEGA, MATA E COME - AVES DA CAATINGA

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Brasil, segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), existem 1901* aves catalogadas, sendo 695 no bioma da caatinga (único bioma exclusivamente brasileiro). No nordeste algumas espécies estão ameaçadas de extinção em virtude da captura para adorno e principalmente devido a destruição do seu habitat natural.

O Clima quente da “Caatinga (mata branca) “com prolongadas estações de secas e o instável regime de chuvas influência na vida de animais e vegetais, em relação as aves, essa instabilidade contribui decisivamente no processo migratório. Nesse bioma a diversidade de espécies é menor, quando comparado a Mata Atlântica e a Amazônia, entretanto estudos revelam um alto número de espécies endêmicas, ou seja, espécie que só ocorrem naquela região.

É o caso do Carcará, típico morador da caatinga, também conhecido como gavião-caracará. Sua envergadura chega a 123 cm e a sua altura varia entre 50 e 60 cm.“A águia de lá do meu sertão” como descrito por João do Vale, o carcará, na verdade, é um parente distante dos falcões; o pássaro ficou conhecido no Brasil em 1965 em razão da música de João do Vale e José Cândido ter sido regravada por Maria Bethânia.

No entanto, foi o Trio Mossoró quem gravou “Carcará” pela primeira vez pela gravadora Copacabana conquistando o troféu Euterpe, o prêmio de maior importância da Música Popular Brasileira, na época.

Por se alimentar de insetos, anfíbios e qualquer outra espécie que tiver dado bobeira (inclusive filhotes), o carcará é considerado um oportunista e malvado. O trecho da música o descreve:

Carcará, Lá no sertão. É um bicho que avoa que nem avião, É um pássaro malvado Tem o bico volteado que nem gavião...
... Carcará Vai fazer sua caçada, Carcará come inté cobra queimada...
...Os burrego que nasce na baixada Carcará Pega, mata e come.




Conhecida no Ceará como João de Moura, “Casaca de Couro” é uma ave passeriforme (conhecidos como pássaros ou passarinhos) mede cerca de 25 cm de comprimento e vive principalmente no alto das arvores, indo ocasionalmente ao solo para se alimentar. Classificada como ave onívora, ou seja, alimenta-se de insetos, mas não dispensa ovos, sementes e frutas

Na Música de Rui de Morais e Silva, gravada em 1959 pela Columbia; Jackson do Pandeiro em seu primeiro Long Play descreve com exatidão os hábitos dessa ave:

Parece um arapuá Cheio de vara e algodão, O ninho de uma casaca Não parece ninho não,
Parece mais um dos parceiros Dos "pajáu" do sertão.

Em riba do pé de turco Tem um ninho de graveto, Tem garrancho de jurema Tem pau branco, tem pau preto, Tem lenha que dá pra facho Tem vara que dá espeto.


O ninho da casaca é entupido de gravetos, espinhos, plásticos, pedaços de lata e todo tipo de moganga. Tem cerca de 1m de comprimento por 60 cm de altura. Habita a caatinga seca e florestas de galeria (florestas que formam corredores ao longo dos rios). No Sertão é uma das primeiras aves a madrugar, entoando, ainda com o quebrar da barra, sua cantiga.



A Rolinha é entre as aves do Nordeste, à mais conhecida. Pode ser encontrada em muitas regiões do mundo. Na caatinga os nomes mais comuns dessa espécie são: rolinha cafofa, a rolinha caldo de feijão, a rolinha cascavel, a rolinha azul, entre outras.

Os versos a seguir, intitulado “Meu Amigo” do livro “Vintém de cobre: meias confissões de Aninha, de Cora Coralina, externam a beleza e a singularidade poética dessa ave.

“Faz tempo, queria contar para sua ternura, essas coisas miúdas que nós entendemos. Ah! Meu amigo e confrade... As rolinhas... as últimas, fogo-pagou, cantaram a cantiga da despedida no telhado negro da Velha Casa. Cantaram em nostalgia toda uma certa manhã passada. Olhei. Eram cinco, as derradeiras. Levantaram voo e se foram para sempre."

Luiz Gonzaga gravou um compacto simples e dois LPs oficiais na Odeon. No primeiro disco, que saiu sem título em 1973, destaca-se “Fogo Pagou” de Rivaldo Serrano de Andrade. A rolinha fogo pagou caracteriza-se pelo tamanho maior e plumagem mais branca, produzem um som acentuado quando voam e o nome de uma onomatopeia do canto. Jorge de Altinho homenageou Luiz Gonzaga regravando a música.

A Nota interessante das rolinhas é que elas são de modo geral consideradas aves preguiçosas, isto é, faz seu ninho sem muito capricho. Basta juntar um pouco de gravetos e logo vão colocando os ovos.



Não se pode esquecer do Sabiá. O laranjeira é conhecido como sabiá peito-roxo, sabiá gongá, sabiá vermelha ou sabiá amarelo em várias regiões do Brasil. É comum no Nordeste e grande caçador de pequenos insetos e vermes o que faz esgravatando o chão, pulando em muitas direções e sempre agitando as asas e a cauda. Seu voo é sempre oscilante.

Considerada nossa ave símbolo, o canto do sabiá é um dos mais belos do Brasil. A época em que seu canto é mais delicioso é depois das primeiras chuvas, aliás, é sinal de invernada segundo a experiência sertaneja.

A ave sempre foi tema de canção. O baião sabiá de Luiz Gonzaga e Zé Dantas foi gravado originalmente por Luiz Gonzaga em agosto de 1951 no lado A do 78 rpm 800827 da gravadora RCA Victor. Com subtítulo no original de “siu! siu, a música também foi gravada por Nando Cordel em dueto com Luiz Gonzaga em disco de Nando Cordel lançado pela RCA, em 1981.

Sabiá é um clássico do Cancioneiro Brasileiro e já foi regravada por diversos artistas incluindo a paraibana Elba Ramalho e o pernambucano Geraldo Azevedo.



Finalmente o Periquito. No long Play “minha bodega” de 1983, o Trio Nortista engrossou a longa lista de músicas de duplo sentido que permeou a existência desse bichinho. Espie só:

Lá em casa a mulher cria um periquito, O bichinho é sabido e falador, De vez em quando que recebo uma visita, O periquito me pergunta que hora eu soco a minha ( ou é o sol caminha?)



Mas isso é conversa para uma nova prosa.

Para sempre seja Deus louvado!


01)(UECE-2014)Bioma que ocupa cerca de 12% do território brasileiro e apresenta clima quente com secas prolongadas. Nele, estudos recentes têm revelado a existência de alto índice de espécies endêmicas: dentre suas aves típicas, destaca-se o carcará; quanto à vegetação, as cactáceas são suas representantes. Pode-se afirmar corretamente que essa descrição corresponde ao bioma denominado

A) Mata Atlântica.
B) Campos sulinos.
C) Cerrado.
D) Caatinga.

02)(FGV-2002). Essa região brasileira apresenta as seguintes características geoambientais: pluviosidade irregular, em torno de 750mm/ano, concentrada num período de 3 a 5 meses. Ocorrem períodos agudos de estiagem, quando a precipitação pluviométrica cai para cerca de 450-500mm/ano. As temperaturas são altas, com taxas elevadas de evapotranspiração e balanço hídrico negativo durante parte do ano. A insolação é muito forte, 2.800horas/ano, e está aliada à baixa umidade relativa.

Fonte:
http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/prod_int/regiaos f.html

O tipo climático e a região brasileira correspondentes ao texto são:

A. Subtropical – Região Centro-Sul.
B. Tropical de altitude – Região Sudeste.
C. Semi árido – Região Nordeste.
D. Tropical – Região Sudeste.
E. Desértico – Região Nordeste

Respostas:

01 - D
02 - C






sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A TRISTE PARTIDA (OS MOVIMENTOS POPULACIONAIS – MIGRAÇÕES INTERNAS)

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!

Ao longo do tempo, ocorreram no Brasil diversos movimentos populacionais internos, uns mais, outros menos volumosos. No caso do Nordeste, historicamente área de repulsão populacional, a perda é provocada por diversos fatores, entre os quais pudemos destacar a dificuldade das atividades econômicas em absorver ou manter as populações locais.

Em relação às áreas rurais, as causas são, geralmente: a estagnação das mesmas, o esgotamento dos solos, falta de escolas e assistência médico social, a mecanização agrícola, os fenômenos climáticos, a concentração das terras em mãos de poucas pessoas e as grandes secas nordestinas. O Estatuto do Trabalhador Rural (Lei no. 4.914, de 2 de março de 1963) pode ser entendido como um marco na legislação trabalhista para o meio rural, como tembém, provocou intensa “disparada”*(Geraldo Vandré e Théo de Barros,na voz de Marinês em 1966), do povo nordestino.Durante o governo de João Goulart, muitos proprietários de terras, não querendo ou não podendo assumir os encargos trabalhistas (salário mínimo, férias, 13º salário, etc.), acabaram dispensando os empregados que, atordoados, "debandaram" para o Sudeste/Norte.



Embora já existisse há muito tempo; o êxodo rural (deslocamento de indivíduos das zonas rurais para as zonas urbanas) ganhou intensidade no Brasil a partir da década de 1940, devido ao "surto" industrial ocorrido no Sudeste (região típica de atração populacional).

No poema canção “A Triste partida”, da década de 50, Patativa do Assaré descreve com profundo conhecimento a saga "camicase" do caboclo roceiro, que abandona seu torrão em busca de melhores condições de vida nas terras do sul.

“...eu vendo o meu burro, meu jegue e o cavalo Nós Vamo a Sum Paulo, viver ou morrer. Ai, ai, ai, ai”




Aproveitando milho debulhado, destacarmos o final profético de vidas secas, de Graciliano Ramos:

“E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos. ”

Em “O Retirante “de 1952 composição de Ubirajara dos Santos e Luiz Viera, o sertanejo é comparado a ninhal de arribaçã (ave migratória) que, obrigado a se retirar para não morrer de sede retorna logo em seguida no primeiro sinal de invernada.

No LP, Marinês e sua gente, intitulado o Nordeste e seu ritmo, o baião “sacrifício” de Antônio de barros e Silveira Júnior narra a trajetória do retirante que depois de muita labuta consegue transportar a família para a cidade grande.

“Mandei buscar a famia, gastei dinheiro sem pudê, Trabaiador hoje em dia, muito mais ganha pra comê, Sacrificio danado, fiz pra viver a vida em paz, Depois de tanto trabaio, a famia que voltar pra trás.”

Vale salientar que o movimento de migração do povo nordestino acontece desde o século XVI, quando do deslocamento dos nativos do litoral para o sertão. Em meados do século XVIII, atraídos pelo ciclo da mineração, nordestinos debandam para a região de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ribada semelhante aconteceu no período de 1860 a 1912, a extração da borracha levou sertanejos para a Amazônia.

Jota Fonseca gravou pela Gravadora Cantagalo em 33 RPM “Deixei o meu Cariri” de B. Lobo e Jaci Silva, com direção artística de Pedro Sertanejo. O baião expunha a realidade vivida pelo caboclo e a disposição em deixar seu torrão no primeiro pau de arara.



Na música “Porque deixei meu sertão” de João do Vale e Eraldo Monteiro, gravado no long play Rua do namoro, trio Mossoró de 1968; Oseas Lopes canta a tese que todo sertanejo possui dentro de si a ilusão de conhecer a metrópole, ganhar dinheiro e retornar à terra natal.



De fato, grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras, devido ao seu desenvolvimento e prosperidade,
acabam exercendo uma forte atração sobre as áreas mais pobres ou menos favorecidas, o que explica o êxodo rural.

No clássico “Pau de Arara” de Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952) a simbologia musical em carregar dentro do matulão: o triângulo, o conguês e o zabumba (o xote, o maracatu e o baião respectivamente) traduzem também a coragem, o sonho e a esperança do Retirante sertanejo em busca de uma vida melhor. Nesse sentido, deixar o pé de serra significa regar a muda plantada no intuito de preservar com vida suas raízes.



É certo que o abandono do campo em favor das cidades trouxe consequências; a perda da população ativa foi uma delas, pois, grande parte dos migrantes é composta de adultos que estavam trabalhando o campo. Por outro lado, verificou-se um rápido aumento da população na zona urbana, maior oferta de mão de obra nas cidades e o acúmulo de pessoas no setor terciário; esse, não cresce, incha.

Os estados que mais receberam nordestinos no período de 1940 a 1970 foram São Paulo (39%) e Rio de Janeiro (22% do total). Os estados nordestinos que mais perderam pessoas foram: Bahia, Pernambuco e Ceará.

Não se pode esquecer que a expansão cafeeira, o crescimento da pecuária de corte no Centro-oeste, a agricultura do oeste paranaense, catarinense e a construção de Brasília, especialmente de 1956 a 1960, foram outros fatores migratórios. Esses movimentos internos vieram contribuir para o povoamento e miscigenação da população nas diversas regiões do país.

A prosa “O Último Pau de Arara” (Venâncio-Corumba-J. Guimarães) gravada em 1958 por Ary Lobo, descreve o verdadeiro sentimento do caboclo apegado à sua terra:

...só deixo o meu Cariri, no último pau de arara!



"Súplica Cearence" de Gordurinha e Nelinho em seu trecho final destaca:

"desculpe, eu pedia a toda hora, pra chegar o inverno, desculpe eu pedi para acabar com o inferno que sempre queimou o meu Ceará"

Mas isso é assunto para outra lapada de pinga!

Obs: O Sudeste brasileiro foi durante muitos anos a região brasileira que mais recebeu migrantes, no entanto, nas últimas décadas esse cenário mudou, atualmente a região Centro-Oeste é o principal destino para os fluxos migratórios.

Para sempre seja Deus Louvado.


1) (ESPM) O mapa a seguir demonstra:


a) A marcha da industrialização brasileira.
b) Fluxo de migrações no século XX.
c) Extrativismo mineral.
d) As frentes pioneiras da agricultura brasileira.
e) A nova expansão industrial do século XX.

Resposta: B