sábado, 16 de janeiro de 2016

PEGA, MATA E COME - AVES DA CAATINGA

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Brasil, segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), existem 1901* aves catalogadas, sendo 695 no bioma da caatinga (único bioma exclusivamente brasileiro). No nordeste algumas espécies estão ameaçadas de extinção em virtude da captura para adorno e principalmente devido a destruição do seu habitat natural.

O Clima quente da “Caatinga (mata branca) “com prolongadas estações de secas e o instável regime de chuvas influência na vida de animais e vegetais, em relação as aves, essa instabilidade contribui decisivamente no processo migratório. Nesse bioma a diversidade de espécies é menor, quando comparado a Mata Atlântica e a Amazônia, entretanto estudos revelam um alto número de espécies endêmicas, ou seja, espécie que só ocorrem naquela região.

É o caso do Carcará, típico morador da caatinga, também conhecido como gavião-caracará. Sua envergadura chega a 123 cm e a sua altura varia entre 50 e 60 cm.“A águia de lá do meu sertão” como descrito por João do Vale, o carcará, na verdade, é um parente distante dos falcões; o pássaro ficou conhecido no Brasil em 1965 em razão da música de João do Vale e José Cândido ter sido regravada por Maria Bethânia.

No entanto, foi o Trio Mossoró quem gravou “Carcará” pela primeira vez pela gravadora Copacabana conquistando o troféu Euterpe, o prêmio de maior importância da Música Popular Brasileira, na época.

Por se alimentar de insetos, anfíbios e qualquer outra espécie que tiver dado bobeira (inclusive filhotes), o carcará é considerado um oportunista e malvado. O trecho da música o descreve:

Carcará, Lá no sertão. É um bicho que avoa que nem avião, É um pássaro malvado Tem o bico volteado que nem gavião...
... Carcará Vai fazer sua caçada, Carcará come inté cobra queimada...
...Os burrego que nasce na baixada Carcará Pega, mata e come.




Conhecida no Ceará como João de Moura, “Casaca de Couro” é uma ave passeriforme (conhecidos como pássaros ou passarinhos) mede cerca de 25 cm de comprimento e vive principalmente no alto das arvores, indo ocasionalmente ao solo para se alimentar. Classificada como ave onívora, ou seja, alimenta-se de insetos, mas não dispensa ovos, sementes e frutas

Na Música de Rui de Morais e Silva, gravada em 1959 pela Columbia; Jackson do Pandeiro em seu primeiro Long Play descreve com exatidão os hábitos dessa ave:

Parece um arapuá Cheio de vara e algodão, O ninho de uma casaca Não parece ninho não,
Parece mais um dos parceiros Dos "pajáu" do sertão.

Em riba do pé de turco Tem um ninho de graveto, Tem garrancho de jurema Tem pau branco, tem pau preto, Tem lenha que dá pra facho Tem vara que dá espeto.


O ninho da casaca é entupido de gravetos, espinhos, plásticos, pedaços de lata e todo tipo de moganga. Tem cerca de 1m de comprimento por 60 cm de altura. Habita a caatinga seca e florestas de galeria (florestas que formam corredores ao longo dos rios). No Sertão é uma das primeiras aves a madrugar, entoando, ainda com o quebrar da barra, sua cantiga.



A Rolinha é entre as aves do Nordeste, à mais conhecida. Pode ser encontrada em muitas regiões do mundo. Na caatinga os nomes mais comuns dessa espécie são: rolinha cafofa, a rolinha caldo de feijão, a rolinha cascavel, a rolinha azul, entre outras.

Os versos a seguir, intitulado “Meu Amigo” do livro “Vintém de cobre: meias confissões de Aninha, de Cora Coralina, externam a beleza e a singularidade poética dessa ave.

“Faz tempo, queria contar para sua ternura, essas coisas miúdas que nós entendemos. Ah! Meu amigo e confrade... As rolinhas... as últimas, fogo-pagou, cantaram a cantiga da despedida no telhado negro da Velha Casa. Cantaram em nostalgia toda uma certa manhã passada. Olhei. Eram cinco, as derradeiras. Levantaram voo e se foram para sempre."

Luiz Gonzaga gravou um compacto simples e dois LPs oficiais na Odeon. No primeiro disco, que saiu sem título em 1973, destaca-se “Fogo Pagou” de Rivaldo Serrano de Andrade. A rolinha fogo pagou caracteriza-se pelo tamanho maior e plumagem mais branca, produzem um som acentuado quando voam e o nome de uma onomatopeia do canto. Jorge de Altinho homenageou Luiz Gonzaga regravando a música.

A Nota interessante das rolinhas é que elas são de modo geral consideradas aves preguiçosas, isto é, faz seu ninho sem muito capricho. Basta juntar um pouco de gravetos e logo vão colocando os ovos.



Não se pode esquecer do Sabiá. O laranjeira é conhecido como sabiá peito-roxo, sabiá gongá, sabiá vermelha ou sabiá amarelo em várias regiões do Brasil. É comum no Nordeste e grande caçador de pequenos insetos e vermes o que faz esgravatando o chão, pulando em muitas direções e sempre agitando as asas e a cauda. Seu voo é sempre oscilante.

Considerada nossa ave símbolo, o canto do sabiá é um dos mais belos do Brasil. A época em que seu canto é mais delicioso é depois das primeiras chuvas, aliás, é sinal de invernada segundo a experiência sertaneja.

A ave sempre foi tema de canção. O baião sabiá de Luiz Gonzaga e Zé Dantas foi gravado originalmente por Luiz Gonzaga em agosto de 1951 no lado A do 78 rpm 800827 da gravadora RCA Victor. Com subtítulo no original de “siu! siu, a música também foi gravada por Nando Cordel em dueto com Luiz Gonzaga em disco de Nando Cordel lançado pela RCA, em 1981.

Sabiá é um clássico do Cancioneiro Brasileiro e já foi regravada por diversos artistas incluindo a paraibana Elba Ramalho e o pernambucano Geraldo Azevedo.



Finalmente o Periquito. No long Play “minha bodega” de 1983, o Trio Nortista engrossou a longa lista de músicas de duplo sentido que permeou a existência desse bichinho. Espie só:

Lá em casa a mulher cria um periquito, O bichinho é sabido e falador, De vez em quando que recebo uma visita, O periquito me pergunta que hora eu soco a minha ( ou é o sol caminha?)



Mas isso é conversa para uma nova prosa.

Para sempre seja Deus louvado!


01)(UECE-2014)Bioma que ocupa cerca de 12% do território brasileiro e apresenta clima quente com secas prolongadas. Nele, estudos recentes têm revelado a existência de alto índice de espécies endêmicas: dentre suas aves típicas, destaca-se o carcará; quanto à vegetação, as cactáceas são suas representantes. Pode-se afirmar corretamente que essa descrição corresponde ao bioma denominado

A) Mata Atlântica.
B) Campos sulinos.
C) Cerrado.
D) Caatinga.

02)(FGV-2002). Essa região brasileira apresenta as seguintes características geoambientais: pluviosidade irregular, em torno de 750mm/ano, concentrada num período de 3 a 5 meses. Ocorrem períodos agudos de estiagem, quando a precipitação pluviométrica cai para cerca de 450-500mm/ano. As temperaturas são altas, com taxas elevadas de evapotranspiração e balanço hídrico negativo durante parte do ano. A insolação é muito forte, 2.800horas/ano, e está aliada à baixa umidade relativa.

Fonte:
http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/prod_int/regiaos f.html

O tipo climático e a região brasileira correspondentes ao texto são:

A. Subtropical – Região Centro-Sul.
B. Tropical de altitude – Região Sudeste.
C. Semi árido – Região Nordeste.
D. Tropical – Região Sudeste.
E. Desértico – Região Nordeste

Respostas:

01 - D
02 - C






sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A TRISTE PARTIDA (OS MOVIMENTOS POPULACIONAIS – MIGRAÇÕES INTERNAS)

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!

Ao longo do tempo, ocorreram no Brasil diversos movimentos populacionais internos, uns mais, outros menos volumosos. No caso do Nordeste, historicamente área de repulsão populacional, a perda é provocada por diversos fatores, entre os quais pudemos destacar a dificuldade das atividades econômicas em absorver ou manter as populações locais.

Em relação às áreas rurais, as causas são, geralmente: a estagnação das mesmas, o esgotamento dos solos, falta de escolas e assistência médico social, a mecanização agrícola, os fenômenos climáticos, a concentração das terras em mãos de poucas pessoas e as grandes secas nordestinas. O Estatuto do Trabalhador Rural (Lei no. 4.914, de 2 de março de 1963) pode ser entendido como um marco na legislação trabalhista para o meio rural, como tembém, provocou intensa “disparada”*(Geraldo Vandré e Théo de Barros,na voz de Marinês em 1966), do povo nordestino.Durante o governo de João Goulart, muitos proprietários de terras, não querendo ou não podendo assumir os encargos trabalhistas (salário mínimo, férias, 13º salário, etc.), acabaram dispensando os empregados que, atordoados, "debandaram" para o Sudeste/Norte.



Embora já existisse há muito tempo; o êxodo rural (deslocamento de indivíduos das zonas rurais para as zonas urbanas) ganhou intensidade no Brasil a partir da década de 1940, devido ao "surto" industrial ocorrido no Sudeste (região típica de atração populacional).

No poema canção “A Triste partida”, da década de 50, Patativa do Assaré descreve com profundo conhecimento a saga "camicase" do caboclo roceiro, que abandona seu torrão em busca de melhores condições de vida nas terras do sul.

“...eu vendo o meu burro, meu jegue e o cavalo Nós Vamo a Sum Paulo, viver ou morrer. Ai, ai, ai, ai”




Aproveitando milho debulhado, destacarmos o final profético de vidas secas, de Graciliano Ramos:

“E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos. ”

Em “O Retirante “de 1952 composição de Ubirajara dos Santos e Luiz Viera, o sertanejo é comparado a ninhal de arribaçã (ave migratória) que, obrigado a se retirar para não morrer de sede retorna logo em seguida no primeiro sinal de invernada.

No LP, Marinês e sua gente, intitulado o Nordeste e seu ritmo, o baião “sacrifício” de Antônio de barros e Silveira Júnior narra a trajetória do retirante que depois de muita labuta consegue transportar a família para a cidade grande.

“Mandei buscar a famia, gastei dinheiro sem pudê, Trabaiador hoje em dia, muito mais ganha pra comê, Sacrificio danado, fiz pra viver a vida em paz, Depois de tanto trabaio, a famia que voltar pra trás.”

Vale salientar que o movimento de migração do povo nordestino acontece desde o século XVI, quando do deslocamento dos nativos do litoral para o sertão. Em meados do século XVIII, atraídos pelo ciclo da mineração, nordestinos debandam para a região de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ribada semelhante aconteceu no período de 1860 a 1912, a extração da borracha levou sertanejos para a Amazônia.

Jota Fonseca gravou pela Gravadora Cantagalo em 33 RPM “Deixei o meu Cariri” de B. Lobo e Jaci Silva, com direção artística de Pedro Sertanejo. O baião expunha a realidade vivida pelo caboclo e a disposição em deixar seu torrão no primeiro pau de arara.



Na música “Porque deixei meu sertão” de João do Vale e Eraldo Monteiro, gravado no long play Rua do namoro, trio Mossoró de 1968; Oseas Lopes canta a tese que todo sertanejo possui dentro de si a ilusão de conhecer a metrópole, ganhar dinheiro e retornar à terra natal.



De fato, grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e outras, devido ao seu desenvolvimento e prosperidade,
acabam exercendo uma forte atração sobre as áreas mais pobres ou menos favorecidas, o que explica o êxodo rural.

No clássico “Pau de Arara” de Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952) a simbologia musical em carregar dentro do matulão: o triângulo, o conguês e o zabumba (o xote, o maracatu e o baião respectivamente) traduzem também a coragem, o sonho e a esperança do Retirante sertanejo em busca de uma vida melhor. Nesse sentido, deixar o pé de serra significa regar a muda plantada no intuito de preservar com vida suas raízes.



É certo que o abandono do campo em favor das cidades trouxe consequências; a perda da população ativa foi uma delas, pois, grande parte dos migrantes é composta de adultos que estavam trabalhando o campo. Por outro lado, verificou-se um rápido aumento da população na zona urbana, maior oferta de mão de obra nas cidades e o acúmulo de pessoas no setor terciário; esse, não cresce, incha.

Os estados que mais receberam nordestinos no período de 1940 a 1970 foram São Paulo (39%) e Rio de Janeiro (22% do total). Os estados nordestinos que mais perderam pessoas foram: Bahia, Pernambuco e Ceará.

Não se pode esquecer que a expansão cafeeira, o crescimento da pecuária de corte no Centro-oeste, a agricultura do oeste paranaense, catarinense e a construção de Brasília, especialmente de 1956 a 1960, foram outros fatores migratórios. Esses movimentos internos vieram contribuir para o povoamento e miscigenação da população nas diversas regiões do país.

A prosa “O Último Pau de Arara” (Venâncio-Corumba-J. Guimarães) gravada em 1958 por Ary Lobo, descreve o verdadeiro sentimento do caboclo apegado à sua terra:

...só deixo o meu Cariri, no último pau de arara!



"Súplica Cearence" de Gordurinha e Nelinho em seu trecho final destaca:

"desculpe, eu pedia a toda hora, pra chegar o inverno, desculpe eu pedi para acabar com o inferno que sempre queimou o meu Ceará"

Mas isso é assunto para outra lapada de pinga!

Obs: O Sudeste brasileiro foi durante muitos anos a região brasileira que mais recebeu migrantes, no entanto, nas últimas décadas esse cenário mudou, atualmente a região Centro-Oeste é o principal destino para os fluxos migratórios.

Para sempre seja Deus Louvado.


1) (ESPM) O mapa a seguir demonstra:


a) A marcha da industrialização brasileira.
b) Fluxo de migrações no século XX.
c) Extrativismo mineral.
d) As frentes pioneiras da agricultura brasileira.
e) A nova expansão industrial do século XX.

Resposta: B